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As Encantadas 1x02 - Algo de Errado Não está Certo

Vai começar agora a continuação da nossa Fanfic. Coloque os fones de ouvido e ouça minha sugestão musical logo abaixo, na cena descrita do capítulo. É um novo conceito em experiências da imaginação rsrs Boa leitura!

Sugestão Musical: That's Not My Name - The Ting Tings


Capítulo 2 - Algo de Errado Não está Certo

Todos os alunos acomodaram-se em suas carteiras após o sinal. Eram quase 10h da manhã, e Hayley Marshall estava andando sorrateiramente pelo corredor do colégio. Sua mochila lilás pendia nas costas, pesada. Normalmente, ela estaria reclamando mentalmente da quantidade de livros absurda e desnecessária, mas hoje não, especialmente não após ter conseguido entrar com a ajuda do porteiro mais gentil que tivera a sorte de encontrar. Tudo isso porque Hayley acordara tarde, e estava chegando na escola agora.
A sala do 2º ano E estava logo a frente. As portas estavam abertas e a voz do professor de artes podia ser ouvida dali. Ferrou, pensou Hayley. Não haveria jeito de entrar sem ser vista. De repente, ela percebeu uma loira se aproximando curiosamente. Seus olhos eram azuis e ela tinha um semblante doce e delicado.
— Olá! - cumprimentou a estranha, estendendo a mão.
— Ah... Oi? - respondeu Hayley, dando um aperto de mão meio bruto.
— Parece que você é da minha sala... - disse a loira, soltando sua mão educadamente. Ela brechou a sala de aula, avistando o professor. — Parece que você está atrasada, e o professor Saltzman já está em sala!
Não me diga, pensou Hayley, mas apenas disse:
Pois é... - ela queria muito revirar os olhos ou dizer pra garota cuidar da vida dela, mas se conteve. Tinha de se manter tão educada e amigável quanto pudesse, ou passaria o resto do ano isolada.
— Me dá sua mochila! - pediu a loira, com o mesmo semblante bondoso, o que era um tanto assustador.
— O quê? - Hayley pensou ter ouvido errado.
— Apenas me a sua mochila e eu te tiro dessa! - afirmou, amigável.
Hayley a encarou por um momento, esperando que ela risse ou demonstrasse que aquilo era alguma atitude de bullying, mas nada aconteceu. Então ela, cautelosamente, tirou as alças da mochila de seus ombros, e passou a bagagem para a garota, que a colocou no ombro. Hayley pensou em dizer algo mas a loira já andava em direção a porta da sala.
Ei! - Hayley a parou, desconfiada. — O que vai fazer?
— Apenas observe. - disse ela, com um ar de confiança intacto. — A propósito, meu nome é Caroline Forbes, e você vai votar em mim pra liderança de turma semana que vem!
Hm... - Hayley estava processando a informação. — Ok...
Caroline adentrou a sala com tamanha normalidade, uma vez que ela parecia mesmo acreditar na mentira que estava prestes a contar. O professor Alaric Saltzman escrevia na lousa, quando percebeu o movimento pelo canto do olho. Ele olhou para o lado, vendo Caroline entrar, e Hayley na porta. Sua expressão facial enrijeceu. Não parecia bom sinal.
— Fico feliz que tenha decidido se juntar a nós, senhorita Forbes. - disse ele, ao que todas as cabeças voltaram-se para ela.
— E eu fico surpresa que em apenas duas semanas, o senhor já seja capaz de lembrar meu nome, professor Saltzman! - Caroline respondeu, ao que risadinhas ecoaram em volta.
— Pode parar aí, mocinha. - ele insistiu, afastando-se da lousa. — Onde você estava?
— Na Coordenação! Acontece que ontem eu perdi minha mochila, e ela achou. - Caroline apontou para Hayley atrás dela. — Eu já ia falar com a diretora pra ver se alguém poderia ter encontrado, e a Hayley estava justamente lá! Fiquei tão aliviada! - ela gesticulava enquanto contava sua dramática história.
— Foi isso mesmo? - Saltzman não parecia completamente convencido, olhando para Hayley.
— Foi sim, professor! - intrometeu-se Blair Waldorf, sentada na primeira fileira como boa aluna que era. — Eu disse pra Caroline esperar até o dia seguinte, que provavelmente algum bom samaritano devolveria suas coisas. Como pode ver, eu estava certa!
O professor olhou para cada uma das três, aparentando maior compreensão. Hayley se aproximou enquanto agradecia a Deus mentalmente, não era todo dia que uma dupla de estranhas se unia para ajudá-la. Caroline olhava para sua carteira na segunda fileira, do outro lado. Sua mochila rosa e caderno de princesa estavam ali, e ela deu uma cotovelada cúmplice em Hayley, fazendo sinal com os olhos pra que ela fosse até lá.
— Ok! - disse Saltzman, pronto para recuperar o pensamento da aula. Ele pretendia perguntar pessoalmente à diretora mais tarde, e se estivessem mentindo, haveriam punições. — para as suas mesas!
Hayley e Caroline seguiram, ao que a última disse um obrigada inaudível para Blair, que orgulhosa, virou-se num gesto quase esnobe. Ela tinha conseguido ajudar a Loira dos Contatos num momento de necessidade. Deus à estava abençoando como dona daquele lugar. Ela só não sabia que Caroline não era a dita loira requisitada. Hayley sentava na carteira da nova amiga, sentindo que todos a olhavam, pois sabiam que era uma mentira toda aquela história, entretanto, ninguém de fato fez isso. Caroline sentou-se nos fundos da sala, notando em Katherine Pierce, com seus fones de ouvido no volume máximo de algum rock pesado.
— O que tá olhando? - ela perguntou, mal humorada.
Nada não! - respondeu Caroline, tratando de virar para o outro lado. Ao final, tudo havia corrido bem.
Naquela manhã, todos estavam com sorte no colégio Justínio Serra. Um novato chegaria logo depois a esse fato, e o professor passaria um trabalho em grupo para todos os alunos. No dia seguinte, após o almoço, algo grande estaria pra acontecer com cada um dos membros do grupo de número 3, e ninguém seria capaz de impedir isso...

Bipe. Um som veio de longe.

— Hayley? - chamou uma voz, ecoando.
Bipe. Novamente.
Mamãe...? - Hayley abriu os olhos, lentamente, piscando algumas vezes.
Bipe.
Um imenso branco ao redor. Uma cortina lhe cercava num espaço não muito grande, e haviam fios conectados a ela, que iam até um aparelho ao lado. Bipe. O visor mostrava linhas que oscilavam conforme seu coração batia. Ela estava sendo monitorada. Estava em um hospital. De repente, as memórias do que tinha acontecido lhe vieram num filme. O laboratório de química. O livro. O clarão. Alec.
— Ele precisa de ajuda... - Hayley ergueu-se por um segundo, mas seu corpo parecia muito pesado pra que ela se firmasse.
— Não se preocupe, querida. - disse a voz novamente. Dessa vez, Hayley sabia exatamente de quem era.
Constance. - ela olhou para a madrasta, de pé ao seu lado. O cabelo bem feito, brincos e um colar de pérolas. Tudo aliado a um vestido azul com bolinhas.
Ora... - sorriu a dita, fingindo ingenuidade. — O que aconteceu com mamãe?
Hayley sentiu que seu queixo ia cair, e estava prestes a dar uma resposta a altura, quando Peter Hastings passou pela cortina, cheio de balões coloridos e um urso de pelúcia marrom. Foi então que a sua raiva deu lugar ao alívio de ver o pai ali, tratando-a como uma criança de 11 anos, o que embora parecesse ridículo, era fofo. Apesar das más escolhas matrimoniais de seu pai, Hayley o amava, e nunca deixaria de vê-lo como o seu porto seguro.
— Como você está se sentindo hoje, minha pequena? - perguntou Peter.
— Bem melhor, papai. - Hayley sorriu de leve, tentando manter suas forças. Não demorou até que um pensamento lhe ocorresse. — Hoje? Que dia é hoje, pai?
— Bom... - ele olhou para sua atual esposa, Constance Langdon, que se aproximava dele, com um semblante preocupado. Era mesmo uma ótima atriz. — Hoje é quarta feira.
Hayley levou as mãos a testa, e deslizou pelos cabelos, percebendo que estavam sujos. Era um alívio saber que havia passado apenas uma noite no hospital. Ela respirou fundo, e sentiu um desconforto na língua. Estava ferida. Parou pra pensar em quão grave tinha sido sua situação.
— Acho que você entendeu errado, querida... - começou Constance, ao que Peter já ia corrigí-la. — Você está internada já faz uma semana!
Constance! - Peter chamou-lhe a atenção.
Hayley olhou para os dois, vendo que não se tratava de alguma piada de mal gosto. Ela se esforçou para sentar, e olhou em volta, tentando refazer seus passos. Havia chegado atrasada na escola na segunda feira, quando o professor Saltzman passara o trabalho em grupo. Na terça, ela tinha tentado juntar o grupo, sem sucesso, tendo apenas Alec para estudar. O mesmo havia sugerido encontrarem um lugar mais reservado para montarem o cartaz. Uma semana.
— Eu passei uma semana toda dormindo? - perguntou, curiosa, uma vez que não se sentia tão bem descansada assim.
— Você acordou várias vezes... - disse Peter. — Não se lembra?
Não, pensou.
Hum-rum... - Hayley confirmou com a cabeça, num ímpeto repentino de mentir.
— Que bom... Já estávamos preocupados. - sorriu o pai, um pouco nervoso. Ele virou-se para Constance. — Querida, podemos conversar um minuto?
Hayley observou a madrasta assentir para o marido e sair na frente, cheia de classe. Um dia ela iria querer saber onde diabos o pai achara aquela mulher. Talvez em um circo de pessoas estranhamente talentosas e igualmente perigosas.
— Não vamos demorar. - avisou Peter, e Hayley apenas sorriu, sem mostrar os dentes.
Enfim sozinha, ela se esticou e relaxou. O ambiente era frio e agradável, digno de mais uma boa soneca. Hayley encostou a cabeça no travesseiro, se embrulhando com o lençol branco de algodão, que estava geladinho. Era uma sensação maravilhosa. Quem sabe se ela não estivesse totalmente curada, poderia passar mais uma semana. Afinal, não era todo hospital da cidade que parecia um hotel.
Psiu. Alguém chamou, quebrando o silêncio. Hayley ergueu a cabeça, mas não viu ninguém passar pela sua cortina.
Psiu! De novo. Ela percebeu a direção do som, e esticou-se para puxar o tecido mais parecido com um plástico que a cercava, avistando uma cama igual a dela num espaço pequeno e rodeado por uma cortina igualmente branca. Um garoto estava ali, deitado. Seu semblante com olheiras estava cansado, e com a barba por fazer. Apesar das condições, Hayley reconheceu seu amigo. Estava preocupada que não o mais visse.
Alec! - ela disse, num misto de grito com sussurro. — Você tá bem?
— Fala baixo! - Alec Lightwood olhou para o alto, tentando captar sons ao redor. A área parecia deserta, então tornou o olhar para ela. — As enfermeiras não reagem bem com pacientes de sexos diferentes conversando.
Hayley deu uma risada num volume baixo, embora quisesse rir alto. De repente, percebeu que estava muito feliz de ver seu amigo ali do seu lado. Se ao menos estivessem um pouquinho mais perto.
— Eu preciso falar com você! - disse ele, sussurrando. — O que fizemos foi real e despertou algo!
Han!? - Hayley arqueou as sobrancelhas, sentindo-se relaxar por estar movendo algum músculo facial depois de uma semana de Branca de Neve. — Do que você tá falando?
Aqui não! - ele parecia levemente paranóico. Sua cabeça ia de um lado para outro, como se estivesse tentando se esconder de algo ou alguém. Mas aí, ele a olhou novamente. — Mais tarde, na escola!
Mas...
— Você vai receber alta às 9h. Te encontro no Mural Lateral às 11h. - explicou Alec, de repente apertando os olhos com força. Por um momento, pareceu que ele tinha se arrepiado. — Seu pai!
Antes que pudesse entender qualquer coisa, Hayley se assustou com o barulho da cortina de sua cama sendo arrastada na barra metálica que pendia sobre ela. Era seu pai, Peter, ainda com balões e um urso na mão. Ele se aproximou da bancada ao lado, para colocar seus presentes, ao que Hayley, ainda espantada, olhou para o lado. Alec tinha fechado sua cortina. Ela olhou do pai para a cortina, da cortina para o pai, intrigada. O que tinha acabado de acontecer?
— Você está bem, minha pequena? - perguntou o pai.
Não, pensou, mas tornou a mentir.
Hum-rum... - ela confirmou com a cabeça, novamente. Não é como se ela pudesse contar tudo a ele. Então reparou no ursinho marrom sobre a bancada, que tinha algumas gavetas. — Minhas coisas estão aqui?
— Sim, querida. - confirmou o pai. — Você está com fome? Posso trazer um brigadeiro contrabandeado!
É!? - Hayley deu uma risadinha infantil. — Eu adoraria!
Ótimo! - ele sorriu. — Volto já! Me deseje sorte!
— Boa sorte! - ela manteve o sorriso enquanto seu pai saía. Olhou para o alto por um momento, concentrando-se em dizer quando ele estivesse longe o bastante. Então, olhou para o espaço correspondente a cama de Alec. — Psiu!
Mas, para sua surpresa, ele não estava mais lá, apenas uma cama bagunçada. A única vez que ela fez psiu para um garoto, e ele não estava lá. Hayley queria socar alguém. Parecia que Alec estava tentando lhe pregar uma peça, o que seria de muito mal gosto, considerando a amizade que ela pensou estar construindo com ele. Foi aí que algo lhe ocorreu. Hayley virou-se para a bancada do seu lado esquerdo e puxou a primeira gaveta, avistando seu Nokia Lumia por cima de uma calça jeans bem dobrada. Bingo, pensou. Ela se esticou para pegá-lo, e acendeu sua tela.
08:57.
— Você vai receber alta às 9h. - Alec tinha dito. Mas como ele poderia saber disso?
— Com licença, senhorita Marshall? - disse um homem com metade da cabeça aparecendo sobre a cortina.
Para seu completo terror, ele entrou todo de jaleco e começou a se apresentar como seu médico, fazendo perguntas de rotina, e então, com uma prancheta e uma caneta, pedia que ela assinasse um papel, confirmando sua alta.
— Eu ainda não fiz 18... - Hayley justificou, imaginando que o pobre homem sentia-se ignorado com seu silêncio absoluto.
Oh... Tudo bem! - ele sorriu, preparando-se para seguir caminho. — Vou falar com seus pais então!
Hum-rum... - assentiu, sem coragem de dizer qualquer coisa, ao que o médico afastou-se dali. Então, tomou fôlego, e olhou para a tela de seu celular, engolindo em seco com o que viu.
09:00.

Horas mais tarde, Caroline Forbes caminhava pela quadra de esportes ao ar livre do colégio Justínio Serra, onde um grupo de veteranos jogava futebol. Todos lindos, suados e sem camisa. O sol estava quente, e o vento soprava forte, para amenizar tamanho calor. Caroline avistou Nate Archibald e Dan Humphrey fazendo sinais salientes para Scott McCall, que apenas riu. Era o fim. Todo mundo já parecia saber de seu ataque epiléptico na semana passada, e ela seria o centros das más atenções pelos próximos 3 meses, no mínimo. A não ser que algum evento embaraçoso decidisse acontecer com algum outro pobre azarado.
O Mural Lateral estava a sua frente, e ela esgueirou-se para lá antes que mais alguém a notasse. Caroline havia tido alta do hospital da cidade na noite anterior, e sua mãe a mandava mensagens a cada meia hora, preocupada que a filha estivesse com alguma doença de família. Caroline não queria nem pensar a respeito. Não era todo dia que alguém caía com convulsões numa escola, e esse nem era o fato mais intrigante. Boatos maldosos se espalhavam, alegando que outros 4 alunos tinham sofrido das mesmas condições no mesmo dia. Nada a ver, ela tinha pensado. Porém, havia essa sensação dentro dela, que queria desesperadamente acreditar naquilo.
Fica calma, Caroline. Sua cabeça queria girar, mas ela encostou no muro, olhando para todo aquele entulho e lixo possivelmente reciclado. O Mural Lateral era um espaço do colégio, dedicado a criatividade e liberdade de expressão. Caroline olhou para a parede a que estava encostada, de repente temendo sujar-se. Haviam muitas pinturas e desenhos coloridos, caricaturas e muito grafite. Parecia muito bem feito, e ela se perguntou se teriam sido os próprios alunos que fizeram tudo aquilo. Não parecia o mesmo tipo de gente que assobiava pra você, ou se insinuava com gestos devassos. Bando de idiotas, pensou, deixando uma raiva tomar-lhe o corpo, e seu pé direito chutou a parede, ao que uma parte do concreto quebrou e cedeu. Caroline ficou boquiaberta de imediato, olhando sem acreditar para a não tão pequena cratera que se formara no muro artístico.
— Aconteceu com você também! - disse uma voz masculina por detrás dela.
Caroline virou-se tão rápido que já se declarava culpada de todos os atos, e seu colega de turma, Alec, saía de um esconderijo por entre os entulhos na metade coberta do Mural Lateral. Essa metade não continha desenhos, apenas pedaços de várias coisas, incluindo um carro enferrujado e provavelmente em decomposição. Caroline engoliu em seco, e tentou acalmar seu coração, que batia desenfreado. Alec ficou na parte coberta, fazendo sinal pra que ela saísse do sol.
— O que você viu... - ela já dava uma explicação enquanto se aproximava. — Essa parede foi feita há uns dez anos, e seus tijolos...
— ... Estão velhos! É, tô sabendo. - interrompeu Alec, terminando a frase dela com êxito. Ele pegou seus pulsos e a puxou com cuidado para um canto, olhando-a bem nos olhos. — Primeiro: aquela parede ali é de concreto. Segundo: você sabe que tem alguma coisa diferente na gente desde as convulsões. Terceiro:...
— Eu não sei...! - Caroline se recusava a absorver qualquer uma daquelas informações, que mais pareciam fatos.
— ... Do que você tá falando! É... Eu sei. - ele suspirou, cansado. Seu olhar era sério. — E você também sabe do que eu tô falando. Do momento em que abriu os olhos no hospital, você soube que algo não estava certo!
Caroline balançou a cabeça negativamente, afastando-se dali, não querendo ouvir mais nenhuma palavra. No fundo, ela sentia que deveria escuta-lo, mas ele parecia louco e ela precisava sentir-se normal. Alec não tentou alcança-la, mas gritou por seu nome, em vão. Caroline já estava longe, correndo o mais rápido que suas pernas conseguiam. Ela estava com medo, e ele sabia que esse medo se devia aos fatos: Ela sabia que eram verdades.
— Alec? - chamou Hayley atrás dele. Ela havia conseguido entrar com a ajuda porteiro, que abrira o portão lateral, de onde ela havia acabado de sair. Porém, Alec já sabia disso.
— Você tá atrasada. - ele respondeu, antes mesmo de se virar para ela.
— Eu sei! - quis se explicar. — Meu...
— ... Seu pai não queria deixar você voltar pra escola hoje, e você teve que inventar um trabalho importante pra nota! - completou ele, com índice total de acertos. Seu semblante parecia cansado, como se ele estivesse vendo um filme repetido, várias e várias vezes seguidas.
Tá legal! - Hayley deu um basta. — Você tem que parar com isso! Me diz o que tá acontecendo! E como você sabia o que eu ia dizer? E lá no hospital...? - ela não sentiu necessidade de concluir.
— Eu tenho premonições. - Alec parecia quase entediado, como se não estivesse dizendo nada demais. — E tenho uma força que não tinha antes, tipo o Hulk, mas sem ficar todo grande e verde e... tal.
Hayley teve seu rosto congelado por um momento, processando a informação absurda que lhe alcançara os ouvidos. Estavam sujos, talvez? Ou ela realmente havia escutado aquilo? Sua cabeça virou de um lado para o outro, lentamente, ao que seus olhos buscavam a realidade em volta. Precisava se apegar em algo. Desde que acordara no hospital, sua vida parecia um filme do Hitchcock. Só o que faltava mesmo era um Norman Bates pronto para ataca-la. Não seria tanta surpresa, considerando tudo.
— Olha, eu sei que parece muita loucura... - ele tentou acalma-la.
Você acha!? - disse Hayley, sarcástica e retoricamente.
— ... Mas se você tentar torcer uma dessas barras de ferro no chão... - continuou, apontando para alguns pedaços de motor velhos no local. — ... Vai conseguir com a maior facilidade!
Se eu conseguir, é porque esse ferro velho todo é... velho! - ela levou as mãos a cabeça, gesticulando como quem queria fugir daquilo. — Tá legal!?
Ok... - desistiu Alec, dando as costas. — Eu tentei avisar!
Hayley ficou sozinha no Mural Lateral, olhando para o amigo se distanciar. Num ato de coragem repentino, ela foi até o carro enferrujado por entre os entulhos, e tratou de soca-lo com força, amassando-o profundamente. Não se dando por satisfeita, Hayley arrancou o capô, e em seguida as portas. Alec parou de andar, virando-se de volta para a amiga, assistindo aos pedaços de ferro velho serem atirados para o alto e para os lados como bolinhas de isopor. Um sorriso brotou em seu rosto, mesmo que Hayley parecesse furiosa e proferisse sons quase animalescos. Ele sabia que isso ia acontecer.
— Ok! Ok! - Alec bateu palmas conforme retornava. — Você já mostrou que devia ter sido escalada pra fazer A Mulher Maravilha!
Hayley cessou a quebradeira, tentando desacelerar a respiração. Um último fôlego de raiva saiu em um grito realmente alto. Agora sim, pensou ela. Suas mãos estavam cheias de ferrugem. Alec olhou para trás, quando meninos da quadra apareceram, atraídos pela barulheira. Scott era um deles.
— Ok. - Alec enroscou seu braço ao de Hayley, e foi arrastando sua amiga para o portão de onde ela tinha saído.
— Espera! - alertou Hayley. — Se eu sair, o porteiro não me deixa entrar de novo!
Merda! - praguejou ele, dando a volta e indo em direção à turma de jogadores de futebol. O plano seria de ir embora, mas precisava mostrar uma coisa para sua amiga. Algo importante.
Apesar de estar com muita vergonha, Alec continuou, trazendo a cabisbaixa Hayley, que toda suada, já se denunciava como autora dos arremessos de entulho. É claro que ninguém com total sanidade iria considerar essa hipótese, ou pelo menos, era o que Alec esperava.
TPM... - disse ele ao passar pelo grupo sem camisa, evitando contato visual com qualquer um deles.

Perto dali, na porta da sala do 2º ano, turma A, Blair Waldorf estava de frente para a tão requisitada Loira dos Contatos, a quem procurara por dias até encontrar a verdadeira. Finalmente. Ela se questionou se estaria ideal para a ocasião, afinal, a Loira parecia mesmo uma modelo como ouvira dizer. Blair pensou em sua tiara no cabelo solto, estava brilhando. Até mesmo sua sapatilha preta estava um brinco. Não poderia haver nada de errado, exceto pelo sorvete na blusa da Loira. Blair havia acidentalmente (de propósito, no dicionário Waldorf) tropeçado nela. Em compensação, era de baunilha, o sabor preferido de qualquer um.
— Me perdoe. - desculpou-se Blair, pela terceira vez. — Eu sou tão desastrada!
Relaxa! - disse Serena Van der Woodsen, abrindo um sorriso genuíno. — Meu nome é Serena, e o seu?
Oh... - ela ficou surpresa. Tinha sido mais fácil do que imaginava. — Eu sou Blair Waldorf. Qual seu sobrenome?
— Van der Woodsen, mas me chama só de Serena mesmo! - respondeu, meiga. — Então, eu acho melhor ir no banheiro limpar isso!
Não, não! - Blair foi se colocando em seu caminho, não conseguindo evitar de reparar um pouco no sobrenome da loira. Era bonito, e ela se imaginou como dona dele. — Eu soube que os banheiros daqui cheiram a desinfetante de lavanda vencido e côco de supermercado! Não que eu tenha ido lá, mas você sabe como os boatos nascem de verdades, não é!?
Serena parou para olhar a garota diante dela, toda bem arrumada e aparentemente perfeccionista. Quase uma boneca.Tinha esse misto de loucura e simpatia, que era até engraçado. Serena quis saber a que turma Blair pertencia, mas pensou em perguntar mais tarde. De repente, ficou curiosa com uma das coisas que ela dissera.
— Falando em boatos... - começou, lembrando-se do fato. — Você não é uma garota da convulsão?
O quê...!? - Blair quis se enterrar imediatamente, olhando ao redor, mas não havia nenhum buraco humanamente possível por perto. Pelo menos, ninguém estava próximo o bastante para ouvir. — Quem é essa?
— Semana passada...!? - Serena já ia contar a história. — O Nate viu uma garota igualzinha a você ser carregada pelo gostoso do Saltzman! Chamaram umas duas ambulâncias porque eram você e outras quatro, eu acho...
Mas eu já disse que não era eu! - insistiu Blair, notando em seu tom de voz e expressão facial. Havia algo de errado com suas mentiras. — Eu... não era ela! Nenhuma delas!
Sei... - debochou Serena, claramente não acreditando numa palavra. Então, deu de ombros. — Comigo você pode relaxar! Eu sou um livro aberto!
É, dá pra notar, pensou Blair, confirmando com a cabeça e lançando um sorriso forçado. Aquela garota era uma sem classe. Que tipo de pessoa iniciava uma amizade com alguém que lhe sujara com sorvete? Ou que estimulava uma conversa com uma total estranha. Era óbvio que Serena devia ser rodada. Afinal, dava brechas para todo mundo, mesmo para Blair, que fazia seu próprio caminho.
— Você disse quatro...? - ela tentou recuperar o assunto. Não podia se esquecer de seu objetivo.
Bom... - Serena esboçou uma cara pensante, como se já não estivesse com os quatro nomes na ponta da língua. — Eram Caroline Forbes, no corredor; Alec Lightwood e Hayley Marshall, no laboratório de química; Katherine Pierce, na saída do refeitório; e Blair Waldorf, na Coordenação!
Mas... - ela quis retrucar, mas já era tarde. Serena sabia mesmo tudo o que acontecia naquela escola, e até com detalhes. Aquilo era um tanto assustador. — Tá! Era eu!
Viu! - comemorou a loira, vitoriosa. Ela olhou para o lado, uma vez que um garoto suado se aproximava. — Oi amor!
Amor... - repetiu o fedorento indivíduo, que devia ter saído de um latão de lixo na esquina do bar mais decadente da cidade. Ele deu um beijo em Serena, e logo reparou em Blair, que tentava manter seus pensamentos apenas na sua cabeça. — Oi! Sou o Dan Humphrey!
Não, obrigada... - Blair recusou cumprimentar aquela mão suada e peluda diante dela.
Serena a encarou, parecendo sem graça, enquanto Dan deu uma risadinha máscula, achando engraçado. Blair ficou nervosa, pois estava tentando, mas parecia que sua glândula responsável pelas mentiras não estava funcionando corretamente. Talvez fosse culpa da convulsão. Talvez fosse culpa dela. Foi então que ela percebeu que deveriam ser cinco ao invés de quatro.
Espera! - Blair tocou o braço de Serena, quase com urgência. Ela estava se lembrando de um fato importante. — Você disse que tinham sido eu e mais quatro?
A loira olhou para o lado, como quem analisava a relevância da pergunta. Dan olhou da namorada para a colega algumas vezes, tentando entender qual seria o assunto. Blair sentiu que seu coração começaria a acelerar com a resposta de Serena. Não, era tudo o que ela queria ouvir.
Sim... - respondeu a loira, provocando um susto em Blair. — Você tá bem?
— Tá parecendo pálida. - disse Dan.
Bonnie Bennett! - Blair se lembrou. — Nenhum dos nomes era Bonnie Bennett?
Ah! - Dan parecia prestes a dizer algo relevante. — Você é uma das garotas da convulsão!
Dan, pára! - Serena olhou para Blair, preocupada. — Você quer que eu chame alguém?
— Não... - recusou, cautelosamente. Então, decidida a sair dali, correu. — Eu tenho que ir!
Ei! Espera! - chamou Serena, em vão. Ela olhou para o namorado ao lado, que segurava uma gargalhada. — Viu o que você fez?
Já em outro corredor, Blair chegou ao banheiro feminino, entrando rapidamente e olhando para o lugar onde sua colega de turma estava jogada, uma semana atrás. O que tinha acontecido com ela não era tão diferente do que tinha acontecido com os outros quatro e a própria Blair. Isso não estava certo. De repente, o som de uma descarga foi dado, e uma das cabines se abriu. A garota foi até a pia do meio, passou um pouco de sabonete líquido nas mãos, e aproveitou para se olhar no espelho, reparando em Blair, ali parada, com uma cara meio trouxa.
— Vai ficar aí me olhando? - perguntou uma grosseira Katherine Pierce, com o semblante de quem estava tendo um péssimo dia. — Eu não curto garotas, tá entendendo?
— Como se eu fosse curtir uma punk rock fundida com a Barbie queimada da minha falecida avó. - disse Blair, levando as mãos à boca de imediato. Mas o que diabos ela tinha acabado de dizer?
A expressão no rosto de Katherine foi de ruim a muito pior em segundos, e ela virou-se para enfrentar a dona daquelas palavras ousadas. Blair desejou um portal mágico para se teletransportar dali o mais rápido possível. Primeiro, ela não conseguia mentir, e agora, dizia o que vinha a mente. O mais estranho, era que aquele nem era o tipo de resposta que ela daria. Ao menos, não para uma das seguidoras de Chanel.
— O que foi que você disse? - bufou Katherine.
— Que você é uma puta! - respondeu Blair, ao tirar as mãos da boca, mas logo às levou de volta. Ela arregalou os olhos para Katherine, pedindo desculpas mentais, mas não estava dando certo.
— Eu vou te matar! - ameaçou a mesma, se aproximando de Blair com certa atitude.
Katherine estendeu as mãos para ela como Malévola prestes a estrangular a filha do rei, e Blair deu um grito, pondo-se a correr o mais rápido que suas pernas fossem capazes de aguentar. O dia estava péssimo pra todo mundo, e algo nisso certamente estava errado, embora ninguém soubesse o porquê.

Minutos antes disso acontecer, Caroline adentrou a sala do 2º ano E, procurando isolar-se. Não acreditava nas loucuras que Alec, seu colega de turma, estava insinuando. Ela tinha apenas chutado um muro velho de uma escola velha, e um pedaço havia caído. Normal. Não querendo pensar em nada, Caroline sentaria nos fundos da sala, e deitaria a cabeça em alguma mochila, esperando o intervalo do almoço acabar, uma vez que era o mais longo. Porém, para sua surpresa, o professor Alaric Saltzman estava em sua mesa, como que aguardando pelo mesmo momento. Eles teriam aula de artes logo no primeiro horário da tarde. Esse cara não tem vida social, ela pensou.
— Tá se sentindo melhor, Care? - perguntou Kira Yukimura, sentada em uma das carteiras da terceira fileira, virada para Mona Vanderwall. As duas comparavam álbuns com adesivos de cantores coreanos de K-pop.
Ótimo. Caroline não estaria a salvo em lugar nenhum, e até ganhara um apelido novo, o que pelo menos era fofo. Ninguém que ela conhecesse gostaria de ser conhecido como garota da convulsão.
— Tô ótima! - respondeu, no tom mais gentil que conseguiu encontrar.
Caroline espremeu-se por entre as fileiras apertadas, e sentou na carteira do canto mais isolado da sala, onde não havia mochila alguma. Ela respirou fundo, cogitando tirar uma soneca ali mesmo, quando ouviu a voz do professor.
Caroline Forbes... - ele a olhava, mas sua boca não se movia. Sua mão riscava alguns papéis, como quem corrigia uma prova. — Eu achando que você estava tentando acobertar sua amiga... Mas a diretora confirmou o sumiço da mochila... Talvez eu devesse lhe dar um ponto extra pra compensar... Mas aí eu teria que dar para a Hayley e para a Blair também... Hum... Melhor não...
— O quê!? - reagiu Caroline, um pouco mais alto do que deveria, ao que todos pararam para olha-la. Suas sobrancelhas franziram e seu queixo quase caía. Como assim a Diretora havia confirmado sua mentira!?
— Disse alguma coisa, senhorita Forbes? - perguntou o professor Saltzman, com uma expressão autêntica de quem questionava algo totalmente fora de seu conhecimento.
Caroline fez que não com a cabeça e se sentou na carteira, encostando o rosto na mesma. Desejou voltar no tempo, como num filme onde o personagem toma uma série de atitudes erradas e volta pra consertar. Sua cabeça doía, e considerando toda a história com a convulsão, talvez ela estivesse apenas ouvindo coisas.
Garota doida... - a voz de Mona ecoou pela sala. Era tão alta, que parecia estar bem no seu ouvido.
Nossa... Ela deve estar cheia de problemas... - era a vez de Kira, a colega que a havia socorrido durante a convulsão. — Dizem que a mãe dela é uma falida sem futuro... Talvez elas passem fome... Será que eu devia ir lá e perguntar se ela precisa de ajuda...?
Ao ouvir isso, Caroline deu um pulo, olhando diretamente para a dupla do K-pop, que estava aparentemente focada nos álbuns. Só pode ser brincadeira, pensou. Seu rosto expressava algo entre espanto e horror, pois o professor voltara a lhe direcionar a palavra. Dessa vez, num tom preocupado.
— Você está sentindo algo, senhorita Forbes?
Ela tá querendo chamar a atenção... - disse Mona, virada para ela. Seu rosto intacto. — Só ignora!
Eu devia ser amiga dela... - disse Kira, aparentando condescendência. Porém, nenhum músculo facial se movia ali.
Por favor, não tenha uma convulsão... - disse Saltzman. Lábios selados.

(início da música...)

Caroline arregalou os olhos, incrédula. Tudo aquilo parecia ser demais para ela, então deu um grito, de olhos abertos, só pra garantir. As vozes não paravam, e as bocas não se mexiam. Ela sentiu-se prestes a enlouquecer, e precisava se colocar para fora dali o quanto antes. Vozes chamaram, mas Caroline não queria olhar ou saber de onde vinham, apenas correu. O dia teria sido perfeito, se não houvesse algo de tão errado nele.

Momentos antes, Hayley Marshall e Alec Lightwood caminhavam próximo a sala de educação física. Não ia demorar até que o corredor ficasse lotado de adolescentes querendo beber água ou irem ao banheiro, antes de entrarem em suas salas de aula. Hayley estava mais calma, e Alec lhe tinha sugerido entrarem escondido na sala esportiva, onde ninguém ficava durante os intervalos. Seria o local ideal para conversarem melhor. Hayley estava prestes a abrir a maçaneta, quando uma mulher passou se aproximou deles. Sua roupa era tipicamente administrativa, e ela usava jóias aparentemente velhas. Seu cabelo loiro estava meio apagado e tinha pelo menos uns 9 fios brancos à mostra. Ela olhou bem para os dois alunos, e pareceu reconhecê-los.
— Vocês estão bem, meus amores? - seu tom era maternal.
— Ah... Sim!? - respondeu Hayley.
— Um casal tão jovem! - ela admirou-se, por um momento parecendo estar prestes a pegar na bochecha de um deles. — Na próxima vez que forem namorar, escolham um lugar menos isolado!
Namorar!? - Hayley queria botar o dedo na garganta, mas seria um gesto provavelmente ofensivo para seu amigo, além de mal educado. Ela queria ter modos, especialmente agora que tinha super poderes.
— Nós vamos sim! - sorriu Alec, confirmando a ideia da secretária. — Aliás, você saberia dizer quem nos encontrou no laboratório? Gostaríamos de agradecer!
É claro! - sorriu a mulher, olhando então para Hayley, a única aparentemente infeliz ali. — Foi uma aluna do 2º ano... mas não me recordo o nome!
— Ok, obrigado. - agradeceu Alec.
— Vou deixar vocês... - ela gesticulou em direção a sala de educação física, dando um sorrisinho cúmplice.
Hayley deu uma risada nervosa, e Alec colocou seu braço em volta dela. A secretária sorriu e se afastou, dobrando em direção à área da piscina. Nervosa, Hayley afastou-se assim que a mulher ficou fora de vista.
— O que foi isso? - perguntou ela, querendo uma boa explicação.
— Quem nos achou sabe do feitiço que fizemos! - despejou Alec, sem pena. — Eu voltei no laboratório de química, e tudo tinha sumido: o grimório, as velas, o pentagrama. Até mesmo as lâmpadas eram novas!
O quê? - Hayley não havia parado pra pensar na ausência de questionamentos a respeito do momento de sua convulsão. — Isso significa...?
— Significa que alguém sabe o que fizemos, e nos acobertou! - completou, olhando para o lado, pois alguém estava perto. — Já mudou de ideia?
Caroline Forbes aproximou-se deles, ofegante. Ela parecia meio suada, assim como Hayley, que logo se perguntou o que teria acontecido com ela.
— Você tinha razão! - disse a loira. Ela não parecia muito animada. — Tem alguma coisa acontecendo! Tá feliz agora?
Antes mesmo de Alec responder, um grito ecoou ao longe, e os três olharam para o final do corredor. Nenhum deles conseguia acreditar na cena que assistia. Uma desesperada Blair Waldorf vinha correndo como se sua vida dependesse disso, e logo atrás, uma determinada Katherine Pierce a perseguia veloz e furiosamente. Caroline deu um passo pra trás, ao que Alec tratou de abrir a porta da sala de educação física, e Hayley foi a primeira a entrar, dando um pulo, pois haviam dois degraus na entrada.
Socorro! - gritou Blair, enquanto Alec e Caroline entravam na sala. Katherine deu um grito quase selvagem por detrás dela. — Me ajudem!
Hayley olhou para o interior da sala, cheio de apetrechos para ginástica, e então para seus amigos, que entreolhavam-se, na dúvida entre ajudar ou não. Ninguém disse nada, mas Caroline ficou na maçaneta, enquanto Alec se posicionou atrás da porta, nos degraus. Hayley tratou de colocar os braços ali também, preparada para empurrar. O trio estava pronto conforme Blair se aproximava.
Ai obrigada! - gritou ela, passando como um furacão pela porta, ao que Katherine vinha logo atrás, deparando-se com a entrada a ponto de ser fechada.
Eu vou te mostrar quem é a puta! - ameaçou, estendendo os braços e empurrando a porta que Hayley, Caroline e Alec tentavam fechar.
Katherine grunhia enquanto suas botas escorregavam no chão. O trio empurrava do outro lado, com toda a força que podiam, mas sua rival estava em um acesso de fúria sem igual, e isso lhe dava uma vantagem a mais no quesito força. Especialmente porque todos ali tinham a mesma força. Blair recuperava o fôlego ao notar que o seus salvadores estavam perdendo para Katherine, e tratou de posicionar-se ao lado de Hayley, ajudando a empurrar a porta. Alec usava o peso de seu corpo enquanto Caroline estava de lado, empurrando com o ombro esquerdo e a palma direita. Um grito demoníaco foi escutado do outro lado, ao que os quatro se assustaram. Então, Katherine aproveitou, dando um impulso tão forte que quebrou as dobradiças da porta e arremessou quatro corpos longe no chão.
Hayley, Caroline, Alec e Blair deslizaram pela cerâmica até quase baterem de cabeça com a parede da sala. Uma triunfante Katherine surgiu na entrada. Ofegante, ela passou a mão na testa, retirando o suor que estava ali. A porta de madeira estava estirada no chão. Pedaços da dobradiça estavam espalhados. Blair ajoelhou-se, morrendo de medo. Caroline tratou de sentar, sentindo-se dolorida. Hayley colocou as palmas no chão, e fez um esforço para recostar-se à parede. Alec se apoiou nos cotovelos, esperando o próximo movimento. Katherine desceu o pequeno degrau da sala, e se aproximou dos quatro derrotados. Porém, nenhum deles esperava pelo que ia acontecer em seguida.
As peças metálicas pelo chão começaram a tremer, como num terremoto. A porta de madeira no chão parecia se mexer. Katherine notou nas expressões assustadas nos rostos de seus colegas de turma, mas não eram para ela, e olhou para trás. A porta levantou-se como que puxada por cordas de um fantoche, subiu o pequeno degrau e encaixou-se na entrada, ao que as peças voaram até ela, como que atraídas por um ímã. Começou uma espécie de unificação até que novamente tornaram-se dobradiças inteiras. De repente, luzes claras em tons azulados foram vistos pelas brechas da porta, e alguém girou a maçaneta, adentrando ao recinto. Katherine recuou, temendo pelo que quer que fosse. Alec, Blair, Caroline e Hayley levantaram-se, receosos. Todos então viram a morena de cabelos curtos, com roupas brancas esquisitas, que já conheciam como nerd e queridinha do professor de artes. Seu semblante era pacífico e inabalável. Seus olhos pareciam de um neon dourado. Os cinco arregalaram os olhos, incrédulos.
— Não tenham medo. - disse Bonnie Bennett, tão viva e saudável quanto qualquer um deles.

Ao final de suas palavras, a porta se fechou.


CONTINUA...


Acabooooooooooou! Sinto muito mesmo! Kkkkkkk Espero que tenham gostado da sequência. Deu uma trabalheira mas foi muito divertido de escrever. Por favor comentem, isso me anima e incentiva! E me digam: #TeamHaylec ou #TeamHayroline ??


XOXO

— GC

Comentários

  1. Respira! Rs as coisas vão começar a fazer sentido... Agora: #TeamHaylec ou #TeamHayroline?

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  2. Haha! Gostei u.u Obrigado por comentar!

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  3. Olha, não vou mentir, acho que sou #TeamHaylec KKKKK por favor, continua ❤ melhor fanfic que já li

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    Respostas
    1. Difícil lidar com tanta fofura kkk obrigado de coração... Próximo capítulo chega em breve com mais #TeamHaylec 💎

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