Olaaaá pra você que já estava agoniado querendo um novo capítulo! Demorei? Não né!? (um tempinho sempre é bom (cof! Marketing cof! cof!) Então aí está a continuação dessa série louca num episódio especial que traz algumas respostas pra vocês kkkk boa leitura!
Sugestão Musical: Genius of Fun - Love Grenades
Capítulo 3 - Clube da Convulsão
— Impeça eles! - disse Bonnie Bennett, estirada no chão do banheiro feminino.
Seu corpo tremia, suado e muito dolorido. Uma pressão lhe atingia com tamanha força, como se a gravidade a estivesse esmagando, modelando seu corpo e formato. A expressão de sua amiga, Blair Waldorf, tornou-se séria, finalmente captando a urgência da situação. Elas estavam no colégio Justínio Serra, uma enorme instituição de ensino médio em tempo integral. Bonnie tinha deixado de almoçar, pois não se sentia bem, com fortes dores de cabeça, ao que sussurros vindos de lugar nenhum chegaram ao seu ouvido. Eram vozes macabras, e não diziam coisas boas. Ela tinha lavado seu rosto repetidas vezes, tentando acordar de um possível pesadelo, mas era tudo real.
— Phoenix... - um homem sussurrou.
Os olhos castanhos de Bonnie se abriram, fazendo um esforço para olharem em volta. Blair não estava mais lá, mas podia ver um par de sapatos de couro. Ela imaginou que seria o seu socorro, mas o homem se aproximou e se agachou, querendo apenas observar. Seu olhar mostrava compreensão à suas dores, como se soubesse exatamente pelo que ela estava passando. De repente, Bonnie sentiu o cessar de tudo. Ela piscou algumas vezes, pensando na possibilidade de ter sido tudo um sonho ruim. Tomando um fôlego de coragem, ela se levantou, ao que Alaric Saltzman pendia com as mãos estendidas para ela.
— O que você fez? - perguntou, assustada. Só haviam eles dois ali.
— Aliviei a sua dor... - respondeu o professor, impassível. — Mas você ainda precisa elevar-se.
Ao invés do medo perante os dizeres desconhecidos, Bonnie sentiu atração por aquelas palavras. Pois para ela, faziam todo o sentido. Então, soube que não era seu professor de artes ali falando, mas outra coisa. Bonnie se viu envolta nos braços dele, com luzes pairando ao redor. Tons de azul e branco inundaram todo o ambiente, e ela sentiu-se desfazer diante do sólido. Suas moléculas se libertavam, voando soltas, em formatos estelares, divinos. Bonnie não se assustou, estando livre de paranóias e impressionismos. Só a fé lhe preenchia, em cada partícula de seu ser desfeito; o conhecimento superior de que ela, não era mais ela, mas um anjo.
Os orbes de luz desapareceram do banheiro feminino, elevando-se para um plano acima daquele. Brooke Maddox adentrou o recinto, ignorando o cheiro de desinfetante de lavanda, um tanto enjoativo em sua opinião. Ela olhou para o espelho, limpando o suor de sua testa, pois precisava estar perfeita ao lado de Chanel e Alison, suas quase amigas. Ingênua perante os acontecimentos, Brooke não sabia que cinco de seus colegas de turma estavam sofrendo com uma convulsão violenta naquele momento. Ela não queria pensar em nada, pois sua cabeça também doía.
... 1 Semana Depois.
— Não tenham medo. - disse Bonnie aos amigos. Suas roupas eram de um tecido branco e fino, porém não transparente. — Somos todas irmãs.
Ela observou os cinco rostos a sua frente apresentarem as mais variadas reações. Hayley Marshall analisava o perfil esquisito de sua colega de classe, imaginando como ela teria feito aquilo com a porta, ou mesmo as luzes estranhas. Alec Lightwood questionava sua própria incapacidade de prever àquele acontecimento, enquanto tinha dúvidas sobre se sentir incomodado ou não por ter sido incluído no "irmãs". Caroline Forbes tinha os olhos arregalados, temendo por sua segurança, e cogitando gritar o mais alto que seus pulmões aguentassem. Katherine Pierce mantinha o esforço de estampar um semblante seguro e ameaçador, na tentativa frustrada de parecer destemida. Blair controlava-se para não piscar, focando em todos os detalhes do que via em sua frente, boquiaberta. A situação toda era um tanto difícil de acreditar, mesmo que todos ali tivessem visto com seus próprios olhos. Entretanto, tudo ainda parecia irreal.
— Imagino que tenham perguntas... - Bonnie quebrou o silêncio. — Façam.
Ouvindo aquilo, os cinco entreolharam-se, receosos, mas então Alec começou.
— Você também teve uma convulsão?
— Não. - respondeu Bonnie, direta.
— Você estava quase morrendo lá no banheiro feminino! - afirmou Blair, para a surpresa da maioria. — O que foi aquilo?
— Minha mente estava se abrindo em sincronia com meu espírito, enquanto minha alma recebia uma essência superior. - respondeu novamente, provocando mais dúvidas do que esclarecimentos.
— Hãn!? - reagiu Blair, franzindo as sobrancelhas.
— Mas do que diabos estamos falando? - explodiu Katherine, gesticulando em direção a Bonnie. — Essa aí entrou toda atividade paranormal e agora tá falando em códigos!?
— Gente! - Caroline chamou a atenção. — Precisamos ficar calmos!
— E você precisa calar a boca! - disse Katherine, ao que Alec meteu-se no meio das duas.
— Chega! - esbravejou Hayley, indo em direção a Bonnie, séria. — Se você sabe o que tá acontecendo com a gente, melhor começar a falar!
— Como assim "a gente"? - Blair deu um passo a frente, fazendo sinais de aspas.
— Aconteceu depois da convulsão! - explicou Alec. — Fomos todos pro hospital, e uma semana depois que saímos, estávamos... diferentes.
— Você é louco! - debochou Katherine, se afastando. Ela sabia que não devia andar com aqueles perdedores. — Eu sou super normal, vocês que são esquisitos...
— Ele tá falando a verdade! - Caroline olhou para cada um dos amigos, finalmente tendo coragem de assumir. Ela respirou fundo. — Eu chutei uma parede de concreto, e fez uma cratera.
— Uau! - Blair não levou a sério. — Então você é a super bruta, e daí!?
— Ela é super forte. - corrigiu Hayley, cansada da resistência alheia. — Todos nós somos... eu acho.
— Eu vou olhar bem pra cada um de vocês agora... - Katherine andou pela extensão da sala de educação física, observando todos ali presentes. — Assim eu vou saber quando tiver que dar meia volta no corredor!
— Estamos saindo do foco aqui! - Alec levantou as mãos, se fazendo notado. — Eu comecei a ter visões e flashs de coisas que acontecem logo depois!
— Garoto! - interrompeu Blair, descrente. Ela estava se segurando para não tirar sarro com ele, pois isso poderia relembrar Katherine o motivo de estarem ali pra início de conversa, e ela não queria apanhar. — Você é o mais doido daqui! Dá pra calar a boca?
— Eu ouvi os pensamentos das pessoas! - disparou Caroline, com os olhos fechados, temendo pelas reações seguintes.
O silêncio predominou por um momento. Todos olhavam para a loira, se perguntando se ela estaria lendo seus pensamentos agora. Alec não tivera tempo de revirar os olhos para Blair, que por sua vez apenas arqueou as sobrancelhas para a confissão de Caroline. A onda de verdades esquisitas estava rolando a solta naquela sala, e Katherine encarou os rostos de seus amigos, estranhando a seriedade que encontrara. Hayley virou-se novamente para Bonnie, determinada.
— O que aconteceu com a gente?
— Vocês evoluíram, como eu. - respondeu ela.
— Pára com essa merda! - ameaçou Katherine, de repente interessada. — Se você realmente sabe o que aconteceu com a gente, começa a falar numa língua que eu entenda!
— Desculpa pessoal... - pediu Blair, olhando para todos enquanto seguia para a porta. — Eu nem devia estar aqui com vocês, e com certeza não no meio dessa loucura! Mas não se sintam mal, eu ainda vou estudar aqui, então vocês podem matar as saudades de mim nos corredores... de longe!
— Você não pode ir! - protestou Alec. — Isso envolve a todos nós!
— Se você parar pra pensar... - Caroline tentou ajudar. — Não pode ser coincidência estarmos todos aqui e agora...
— Tem razão! - concordou Blair, sorrindo. — Estamos todos aqui porque essa Gasparzinho apareceu de sabe-se Deus onde com direito a efeitos especiais de meia tigela! Eu não sei vocês, mas eu não curto esses papos à lá Jesus Cristo.
— Deixem essa puta ir. - disse Katherine, lançando um olhar diabólico para a patricinha nos degraus da porta.
Ninguém mais queria protestar. Hayley queria socar alguém urgentemente. Alec suspirou, cansado. Caroline queria que Blair fosse embora, pra que a conversa toda acabasse logo. Katherine não estava nem aí pra nada, mas sentia que deveria ficar pra saber se algo de útil sairia dali. Bonnie apenas encarava Blair, não esboçando maiores reações. Na verdade, sua expressão era impassível.
— Au revoir! - despediu-se Blair, virando a maçaneta e puxando a porta, mas a mesma fechou-se com força. Ela tratou de girar a maçaneta novamente, mas a porta não saía do lugar não importava o quanto ela puxasse.
Hayley, Caroline e Katherine já demonstravam algum interesse, quando Alec subiu os pequenos degraus para ajudar Blair. Ele pegou na maçaneta, girou-a, e então puxou, mas nada aconteceu. Nenhum indício de que a porta se mexeria foi visto. Era quase como se estivesse congelada. Então, Blair olhou para trás, sentindo-se derrotada, e desceu os degraus, olhando para seus amigos. Alec virou-se para a turma, deixando claro que estavam todos presos ali. Foi aí que Katherine percebeu quem os estava prendendo, mas ao invés de ter medo, teve interesse. Era real.
— Você teve uma convulsão como o resto de nós, e acordou com super poderes... - ela apontou para Bonnie, num tom acusatório. — Mas porquê não estava no hospital com a gente?
— Eu não fui para o hospital, e eu não tive uma convulsão. - esclareceu a morena. — O que aconteceu com vocês, e o que aconteceu comigo, foram coisas diferentes... E ao mesmo tempo, iguais.
Dito isso, Bonnie sentiu sua roupa ser puxada. Hayley a segurava com as duas mãos, empurrando-a até a parede lateral, e erguendo-a ali. Seus olhos estavam possuídos em fúria, e sua respiração estava descontrolada. Bonnie sabia que ela não ia machuca-la, então não expressou qualquer sentimento, apenas deixou sua irmã extravasar sua raiva de algum modo. Todos olhavam assustados, com medo do próximo movimento. Alec tinha descido dos degraus, aproximando-se para evitar qualquer coisa. Caroline e Blair estavam um passo mais distantes do ocorrido; e Katherine manteve sua posição inicial, só observando.
— Escuta aqui sua filha da puta... - Hayley respirou fundo, tentando centrar-se. — Eu não sei quem ou o que você é, mas você chegou aqui fazendo coisas que nenhum de nós sabe explicar...
— Hayley, calma! - a voz de Alec soou atrás dela.
— ... Então é melhor dar respostas que a gente de fato entenda, ou... - ela fez uma pausa. — Eu te meto a porrada aqui mesmo!
Caroline e Blair alternaram entre queixos caídos e olhos arregalados, enquanto Alec erguia as sobrancelhas, surpreso com a atitude de sua amiga. Katherine olhou para Bonnie sendo pendurada e ameaçada, e não aguentou. Ela abriu a boca e caiu na gargalhada, tendo que se apoiar nos joelhos para recuperar o equilíbrio. O trio ao lado dela parou para encara-la, não acreditando.
— O que foi!? - defendeu-se Katherine, tentando conter as risadas. — Quem ia imaginar que a esquisitona era durona também!?
— Tudo bem... - cedeu Bonnie, esboçando um sorrisinho nos lábios. Ela fechou os olhos por um momento, querendo concentrar-se. — Eu vou falar, Piper...
— Quem é "Paiper"? - perguntou Hayley, ao colocar Bonnie no chão.
— Você é... - respondeu a morena, olhando então para cada um dos cinco. — Todos vocês estão mais fortes que o normal, estão mais suscetíveis ao místico, ao divino, ao espiritual e ao sobrenatural... Vão ouvir, ver e sentir coisas que ninguém mais vai... E não vão saber explicar...
Hayley, Katherine, Caroline, Blair e Alec estavam em um círculo conforme Bonnie se movia para o meio deles. Todos prestavam atenção ao que lhes era dito, querendo esclarecimentos. Então a morena misteriosa começou a apontar para cada um deles.
— Mas vocês também têm certas habilidades... Individuais de cada um... Você vê o futuro. Você lê os pensamentos. Você sente o que os outros sentem... - Bonnie apontou para Alec, Caroline e então para Blair, que sentiu-se exposta e um tanto invadida.
— Pera lá! - interrompeu ela. — Não na frente dos outros né...
— Não há nada do que se envergonhar, Prudence... - disse a morena.
— Que raios de nomes são esses? - Blair não queria absorver nada daquilo. Era palhaçada.
— Dá pra calar a boca? - pediu Katherine, querendo saber qual seria a sua habilidade.
— Prue, você tem o dom mais bonito... - Bonnie colocou as mãos sobre os ombros de Blair. — Você é capaz de ler os sentimentos das pessoas, e deixar-se levar por eles... E se você for forte o bastante, poderá controla-los, um dia.
— Os sentimentos? - repetiu ela, parando pra pensar naquilo. De repente, algumas coisas faziam sentido. — Como isso acontece?
Todos olhavam curiosos, querendo mais detalhes.
— Você vai sentir o que a pessoa mais próxima estiver sentindo, e com o tempo seu alcance pode aumentar. - explicou Bonnie.
— Ai meu Deus... - ela lembrou do episódio com Serena, a garota transparente; e com Katherine, a garota bandida. — Então foi por isso que eu não consegui mentir... e eu também fui decadente que nem... - Blair olhou para Katherine, entre Caroline e Hayley. Tudo fazia sentido agora. — Mas que habilidade idiota é essa?
— Se chama empatia. - respondeu Bonnie, ao que um alarme soou no ambiente inteiro. Era o sinal do colégio. O intervalo de almoço tinha acabado. — Vocês precisam ficar atentas... Existem indivíduos em busca do poder que carregam, então não saiam usando suas habilidades por aí... Encontrem o Livro das Sombras na biblioteca. Ele irá protegê-las nos momentos de necessidade...
— Espera! - protestou Katherine. — Eu não sei qual a minha habilidade ainda!
— Indivíduos? - quis saber Hayley, falando ao mesmo tempo. — Quem são eles?
— Não são pessoas. - Bonnie respondeu a apenas uma. — Você vai saber quando os encontrar...
— Quando!? - Caroline estava ficando com medo. — Tá dizendo que a gente tá em perigo ou algo do tipo!?
— Hello!! - Katherine chamou a atenção. — Eu quero saber qual é o meu poder!!
— Como vamos enfrentar... o que eles são!? - Alec estava confuso.
— O livro é a resposta... - disse Bonnie olhando para ele, ao que as mesmas luzes de antes trataram de cerca-la e cobrirem o espaço entorno.
Os cinco deram pulinhos para trás, assistindo aquela maravilhosa, peculiar e desconhecida luz. Eram lindos os tons de cor, e acompanhavam um som agradável que lembrava estrelas e corações. O que quer que Bonnie tivesse se tornado, não era mais exatamente humano, parecia superior. De repente, uma correria começou lá fora. Eram os alunos indo ao banheiro e ao bebedouro. Logo, todos teriam de estar em suas respectivas turmas. Hayley piscou algumas vezes, e Katherine disse um palavrão. Ela estava revoltada por não ter descoberto seu poder, mas isso não mais importava, pois se tivesse mesmo um, descobriria-o sozinha. Caroline e Alec olhavam para o teto, vendo os últimos fragmentos de luz desaparecerem; era como se atravessassem as paredes. Já para Blair, o que importava era que um anjo chamado Bonnie havia lhe abençoado com uma convulsão de poderes mágicos. Ela já tinha planos para ficar mais forte e controlar os sentimentos dos outros, como lhe havia sido explicado. Isso sim seria muito útil, ela só precisava achar o livro antes dos outros, e ganharia o jogo. Os cinco entreolharam-se mais uma vez, e alguém abriu a porta da sala, os assustando.
— O que vocês estão fazendo aí? - perguntou Lily Rhodes, uma das coordenadoras da escola.
— ... Um clube! - Caroline disse a primeira mentira que lhe veio a mente. Os outros apenas sorriram, concordando.
— Oh... - a mulher não esperava por essa resposta. — Vocês têm 8 minutos para chegarem às suas salas, então sugiro que continuem depois!
— Sim, senhora. - respondeu Caroline, dirigindo-se para a porta.
Os outros a seguiram, sem esboçar nenhuma reação. Lily os encarava, imaginando que tipo de clube seria aquele. Blair estava ansiosa para dar alguma desculpa e ir atrás do livro, mas teria de assistir uma aula idiota de história. Hayley e Alec não conseguiam parar de pensar nos indivíduos, e Katherine só queria saber do seu poder. Caroline saiu por entre as colunas do corredor para a área livre, tomando um sol e vendo o brilho da água da piscina. Ela sentia-se cansada, como se estivesse há dias naquela sala de ginástica. Na medida em que se aproximavam dos bebedouros e um aglomerado de alunos, os cinco iam se separando.
— Gente! - Hayley chamou a atenção deles enquanto estavam ao lado da piscina. — Temos que ter cuidado com nossas... habilidades. - ela olhou para os lados antes de dizer isso, claramente temendo por exposição.
— Você acreditou nessa? - zombou Blair, a mais próxima dos bebedouros, olhando para os quatro atrás dela. — Tá na cara que ela inventou aquilo pra nos assustar e ser responsáveis e tal... Nunca assistiu Capitão América? "Grandes poderes vêm com grandes responsabilidades". É só um monte de besteira!
— Isso é Homem Aranha. - corrigiu Katherine, cruzando os braços.
— Ah é!? - Blair deu de ombros, não dando a menor importância. — O que eu quis dizer é que só precisamos ficar na nossa, e não montar o Quarteto Fantástico e esperar por inimigos à espreita. - ela gesticulou dramaticamente. — Digam não à frescura conjunta!
— Somos cinco. - corrigiu Katherine, novamente. — Você não sabe contar?
— Você entendeu! - ela deu as costas e seguiu para o bebedouro mais vazio, lembrando-se então de sua garrafinha personalizada, que esquecera em sua mesa. — Eu vou pra sala.
— Eu vou com você! - Alec acelerou o passo, querendo ficar de olho nela.
Katherine ignorou todos os outros e chegou ao bebedouro, abaixando-se e pressionando o botão metálico, fazendo esguichar água do bocal. Hayley e Caroline fizeram o mesmo, e depois de se darem por satisfeitas, Hayley emparelhou com a amiga, dando uma cotovelada cúmplice. Caroline sorriu de leve para ela.
— Ainda vou votar em você pra liderança de turma! - disse Hayley, tentando iniciar uma conversa amigável, longe de toda aquela loucura.
— Eu tinha até esquecido disso. - respondeu, desanimada. — Não pretendo mais me candidatar.
— Ué... Por quê? - ela quis saber.
— Esquece... - Caroline não queria conversar, e se distanciou de Hayley, mas parou, e se virou. — A gente acabou de ver uma pessoa se desfazer em Pó de Pirlimpimpim e desaparecer no teto... Desculpa, mas isso não devia ser possível e eu não posso lidar com isso... E eu com certeza não posso ser amiguinha de vocês! — desabafou, visivelmente abalada.
— Carol... - tentou Hayley, preocupada, se aproximando.
— Não me chame de Carol! - ela gesticulou de modo a dar um basta, e deu um passo para trás, querendo distância. — Não fale comigo! Eu não quero ter nada a ver com essa insanidade!
As palavras foram ditas, e pessoas estavam feridas. Caroline deu as costas e foi para a sala com pressa, sentia que se ficasse ali poderia cair em lágrimas. Aquilo era demais para ela, enquanto Hayley apenas suspirou, pois entendia o lado da amiga. O único fator que a impedia de sentir-se da mesma forma era Alec, que por ver o futuro, se beneficiava com maior entendimento da situação como um todo. Talvez tudo dependesse exatamente disso: Perspectiva.
— Dia ruim, esquisitona? - Chanel Oberlin passou por ela, sem nem lança-la um olhar.
Hayley se perguntou há quanto tempo ela estaria ali, mas logo esqueceu. Ela própria queria chorar, mas não teria tempo pra isso e esforçou-se para engolir. Precisava ser forte pelas meninas, e para lidar com as consequências da situação. Era o que sua mãe tinha lhe ensinado antes de morrer, e Hayley não a desapontaria agora.
Uma hora depois, a professora de História, Felicity Smoak, estava dando uma explicação sobre a opressão sofrida pelas mulheres durante os anos, fazendo comparações com o presente. Falava sobre como muitas coisas tinham mudado, e ressaltava como ainda havia muito progresso a ser feito. Boa parte das alunas estavam fascinadas com a paixão da professora em seu discurso, e Brooke era uma delas, sentada ao lado de Kira Yukimura, na primeira fileira. Chanel olhava para aquilo, achando muito estranho, tanto que se alguém tentasse ler sua fisionomia, diria que estava escrito "Me Sinto Traída" em sua testa, enquanto a de Alison DiLaurentis mais parecia dizer "Ela é Nerd Agora!?".
Felicity parou por um momento, indo até sua mesa e molhando a garganta com um pouco de água de sua garrafa térmica. Alec tinha trocado de lugar com Mona Vanderwall, para se sentar atrás de Blair. Ele estava desconfiado da normalidade dela em lidar com toda a situação das habilidades. Hayley já não parava de pensar no que Caroline dissera, quando viu Natalie Martin passar pelo corredor em frente a sala. Ela tinha sido a secretária a confundir Alec como seu namorado. Aquilo lhe trazia mais uma grande preocupação: quem teria sido a aluna a encontrá-los no laboratório durante a convulsão? E o mais importante: porquê essa pessoa teria acobertado o fato de estarem fazendo um feitiço?
Hayley apoiou os cotovelos sobre a mesa, e segurou sua cabeça, sobrecarregada. Ela sabia que esse tipo de coisa seria questionada, e ninguém estava fazendo isso: ninguém os acusara de bruxaria ou macumba, nem mesmo de satanismo. Nada. Como um ritual de bruxaria passaria em branco numa instituição de ensino? Não fazia sentido. Alguém sabia o que eles tinham feito, e estava guardando pra si.
— Preciso de duas voluntárias para trazerem livros da Biblioteca! - disse Felicity, olhando para a classe.
De imediato, muitas mãos levantaram. Kira, Brooke e Mona torciam para serem escolhidas, assim como Aria Montgomery e Spencer Drake, sentadas próximo a porta. Embora mais uma vez incluído no gênero feminino, Alec levantou a mão, não se importando. Ele era um feminista. Hayley olhou para a situação como um todo, começando a entender o que estava acontecendo. Caroline também percebeu, e revirou os olhos, pois não dava a menor importância. Haviam duas alunas com as mãos estranhamente suspensas no ar, e muitos se questionavam sobre o repentino interesse delas no progresso da aula. Eram Katherine e Blair.
— Yukimura e Maddox! - chamou uma sorridente Felicity, orgulhosa com a quantidade de alunas se voluntariando. Ela começou a explicar para as duas escolhidas sobre qual livro e quantos do mesmo deveriam trazer para a classe. O restante dos alunos abaixou a mão.
— Protesto! - levantou-se Blair, claramente chateada, ao que todos pararam para olhar.
— Não é um julgamento, senhorita Waldorf... - disse a professora, provocando algumas risadinhas. — Mas por favor, me conte o motivo de sua indignação.
— Oh... Obrigada... - Blair não desperdiçou a oportunidade. — Eu só queria dizer que as mulheres têm sido silenciadas e subestimadas por homens há séculos! E hoje, eu não sou uma menininha precisando de proteção... Eu sou forte e independente... e... Adoraria trazer os livros eu mesma!
O silêncio tomou conta, e Caroline sentiu ruídos na cabeça. Ela olhou em volta, atenta. Parecia que logo sua antena paranormal iria captar os pensamentos alheios de seus colegas de turma. Hayley estava sentada perto dela, e percebeu sua confusão. Caroline notou seu olhar preocupado no mesmo instante, e tratou de mudar sua feição. Tinha de agir como se nada estivesse acontecendo, quantas vezes fossem necessárias, até que ela própria começasse a acreditar. Esse era o seu método. Hayley então observou Katherine, que assistia a cena de Blair para a professora, deixando evidente sua raiva. Aquilo ia virar disputa.
— Entendo... - disse Felicity. — Você não quer que homens façam coisas por você... E está certa... Pode ir! - ela fez sinal para Kira e Brooke levarem sua colega.
— Muito obrigada! - Blair abriu um sorriso de orelha a orelha, imaginando fogos de artifício em seu nome.
— Eu também quero ir, professora! - disparou Katherine, vendo o trio selecionado dirigir-se pra fora de sala.
— Sente-se! - pediu Felicity, divertida. — Não será necessário mais de três alunas para dar conta do recado.
— Mas... - Katherine pensou em algo. — Eu preciso muito ir ao banheiro!
Alec arregalou os olhos enquanto virava pra olhar. Hayley manteve-se calma, descrente que o grimório estivesse na Biblioteca novamente. Em sua opinião, estava com a aluna que os acobertara. Caroline olhou para os dois. Estava óbvio que Blair tinha começado uma corrida pelo Livro das Sombras, e já estava ganhando. Uma tensão pairou quando Alec decidiu se pronunciar.
— Eu também preciso! - levantou a mão.
— Eu preciso mais! - Katherine se levantou, pensando em usar o discurso feminino, mas ela não sabia fazer essas coisas, então apenas disse. — Como mulher!
— Calma! - pediu Felicity, tentando não rir das expressões nos rostos da classe. Os nervos pareciam a flor da pele, e ninguém sabia o por quê. — Pode ir!
Katherine disparou para a porta, ao que Alec também se levantou, sendo barrado pela professora. Caroline abaixou a cabeça, como se todos soubessem o que estava acontecendo, e fosse uma vergonha. Hayley olhou para Alec, sentindo remorso por não tê-lo ajudado.
— Um de cada vez... - disse Felicity.
Droga... Se o livro estiver lá, teremos problemas, ele pensou, voltando a se sentar. Caroline o encarava de sua carteira, de repente espantada com o que tinha involuntariamente feito. Ela tinha escutado aquilo.
Minutos depois, na Biblioteca, Ella Montgomery ajudava o trio a pegar os livros de pesquisa da prateleira correspondente, ao que Blair tratou de xeretar a seção espírita e a esotérica. O Livro das Sombras tinha de estar por ali. Kira e Brooke já iam saindo com duas pilhas de puro conhecimento, quando a bibliotecária olhou para os corredores de estantes atrás dela. Estava faltando uma aluna.
— Oi...? - chamou Ella, desconfiando de sua contagem.
Blair se abaixou por entre as pilhas de livros, tentando ficar fora de vista. Até mesmo sua respiração estava mais silenciosa. Assim que entrara ali, havia se esgueirado para trás de uma estante, para não ser notada com as outras. Tinha dado certo.
— Tem alguém aí? - insistiu Ella, pela última vez, buscando então sua mesa. Sentou-se perante o computador, e continuou um trabalho importante.
Visto que a bibliotecária tinha desistido com facilidade, Blair voltou sua atenção à caçada pelo livro. Seus dedos a guiavam pelas inúmeras capas e setores. Eram muitos livros, separados por códigos e números que não faziam lá muito sentido pra ela. Até que, olhou para um em especial, e sem saber explicar o que sentia naquele momento, puxou-o da estante. Bingo.
O Livro das Sombras era pesado, com uma capa de couro grossa, e um emblema esquisito cravado. Blair não sabia o que significava, e não estava nem aí. Ela o abriu, e folheou suas páginas, cheias de dizeres estranhos e desenhos macabros. Logo percebeu que estava lidando com bruxaria real, e ao invés de medo, sentiu orgulho. Eram as mulheres no poder, como nos tempos de Salem, mesmo que nenhum homem soubesse disso de verdade.
Página do Livro das Sombras (feitiço para atrair o amor). |
— Olha o que temos aqui... - admirou-se ela. — Para atrair homens... Gostei!
"Eu te conjuro, eu te conjuro.
Eu sou a Rainha, a Abelha você será.
Como eu desejo, assim será."
Blair olhou em volta. Nada parecia diferente, e ela imaginou se não seria tudo palhaçada. Foi então que o livro folheou-se rapidamente, como se um vento soprasse ali, o que não era o caso. Blair ficou assustada e empolgada ao mesmo tempo, lendo a observação na página mostrada. Dizia:
"As irmãs Encantadas devem realizar feitiços em um número mínimo correspondente ao Poder Tríplice."
— Tri do quê!? - Blair sentia-se confusa, só então notando na imagem de um corpo com três rostos femininos abaixo.
Donzela, Mãe e Anciã, estava escrito numa linha quase inelegível. Uma lâmpada se acendeu acima de sua cabeça. Blair sabia exatamente o que precisava fazer, e o melhor: não seria difícil.
— Achei você! - sussurrou Katherine, flagrando a colega no ato. Ela estava agachada enquanto se aproximava desajeitadamente.
A bibliotecária nem imaginava a dupla escondida ali, pois estava muito concentrada. Katherine olhou para o livro aberto no colo de Blair, cogitando pegá-lo e sair correndo. Porém, a expressão facial de sua colega de classe era cúmplice. Logo soube que ela queria algo.
— E eu estava esperando por você, minha irmã... - Blair abriu o sorriso mais carregado de segundas intenções de toda a sua vida.
(início da música...)
Horas mais tarde, no último intervalo do dia, Caroline andava pela Estufa do colégio, em frente à quadra poliesportiva, ao lado de Matt Donovan, que queria se assegurar da saúde de sua amiga desde a convulsão. Ela estava tentando evitar o assunto, concentrando-se em usar sua habilidade de propósito. Matt olhou para ela, sorrindo ingenuamente. O verde ao redor com flores coloridas e plantas exóticas dava um toque especial ao momento. Caroline sentiu como se finalmente fosse saber a verdade. Ela havia chegado a conclusão de que tinha ganhado aquele dom por um motivo, e não poderia desperdiçar essa chance não usando-o em prol de si. Então, após se concentrar, os sons externos começaram a cessar, ao que seus pensamentos entravam em sincronia, quando de repente, alguém a puxou.
— Oi Caroline! - cumprimentou uma sorridente Katherine. Blair estava logo atrás dela, segurando descaradamente um livro de magia.
— Eu tô no meio de uma coisa! - ela olhou para Matt, atrás dela, rezando pra que as duas não o envolvessem no que quer que fosse.
— Não se preocupe! - disse Blair, aproximando-se dela, com um sorriso que revelava uma carta na manga. — Você vai ter ele só pra você... Se vier com a gente!
— O quê!? - Matt ouviu, fazendo o estômago de Caroline revirar.
— Nada não! - ela tentou amenizar a situação, sorrindo. — Eu tenho que ir agora, mas a gente se fala depois!
Caroline falou rápido, e tratou de andar na frente, desejando esconder-se daquela vergonha. Blair e Katherine andavam logo atrás dela, rindo. Elas trocaram um olhar debochado, comemorando uma vitória que valeria a pena.
Alguns minutos depois, Hayley Marshall e Alec Lightwood estavam juntos no refeitório, comendo bolachas e tomando um suco de alguma fruta amarela que nenhum dos dois soube dizer qual era, quando notaram a total ausência de qualquer uma de suas supostas irmãs no recinto. Alec apoiou os braços na mesa, suspirando.
— Eu acho que a Blair pegou o livro.
— Duvido. - respondeu Hayley, uma vez que Blair tinha voltado da Biblioteca sem qualquer livro nas mãos. — Ela não segurava nada!
— É mesmo! - ele riu, lembrando-se da reação da professora Smoak ao ouvir a desculpa esfarrapada da aluna. — Quem tem um ataque de pânico por entrar numa biblioteca!?
— Não sei! - divertiu-se Hayley, dando um gole em seu suco. — Mas eu soube que esse transtorno não tem gatilho específico.
— Hummm... - admirou-se Alec, botando uma bolacha na boca. — Tá estudiosa!
Hayley deu uma risadinha do amigo falando de boca cheia. Ela já ia pedi-lo pra parar antes que mais alguém visse, quando um alvoroço começou do lado de fora do refeitório. Um aglomerado de alunos, todos homens, andavam e se rastejavam, segurando flores, chocolates e até mesmo kits de maquiagem; atrás de um trio específico de meninas. Alec cuspiu a bolacha de sua boca, meio mastigada, enquanto Hayley ficava boquiaberta com a cena quase impossível de acreditar.
— Quem quer um selinho? - perguntou Katherine Pierce, virando-se para a multidão. Sua atitude era extremamente segura de si.
— Que porra que tá acontecendo? - Hayley pensou em voz alta, não conseguindo piscar.
— Eu não faço a menor ideia... - Alec percebeu a movimentação dos garotos do refeitório, que se levantaram e se juntaram ao arrastão.
Blair Waldorf encarou sua dupla de amigos os observando, e deu uma piscada cúmplice. Caroline Forbes estava aos beijos com Matt Donovan, e não queria saber de outra coisa. Blair e Katherine foram na frente, incentivando e provocando os rapazes. Toda a multidão passou pelo refeitório e saiu, em direção às escadas do edifício. O objetivo era dominar a escola toda. Hayley e Alec trocaram um olhar preocupado. Ninguém queria dizer, mas estava estampado em suas testas: "Elas Pegaram o Livro".
(... Fim da música)
Lydia Martin olhava-se no espelho do banheiro feminino, ignorando o estardalhaço que acontecia no colégio. Por algum motivo, os alunos haviam se juntado para adorar três garotas de sua sala. Era mesmo difícil de entender, considerando que Lydia era a mais linda de toda a escola, ou pelo menos era o que dizia pra si mesma toda noite antes de dormir, e toda a vez que se deparasse com um espelho.
— Meninos, são, idiotas... - disse ela, pausadamente, enquanto retocava sua maquiagem. Sua necessarie roxa costumava ter tudo, mas naquele dia faltava um pó compacto, o que era estranho. Lydia nunca se esquecia de nada.
A porta de uma das cabines se abriu atrás dela, fazendo um rangido nada agradável. Ela olhou para a figura no espelho, sentindo a necessidade de fechar os olhos, com força. Lydia os fechou, e logo os abriu novamente. Ainda estava ali, um ser horrendo e monstruoso.
A ruiva sentiu o terror tomar conta de si, e seus pulmões se contraíram num grito. Porém, ao invés do eco poderoso de sua voz aguda, apenas o som de uma necessarie caindo no chão fez barulho. O banheiro estava vazio novamente, como se ninguém estivesse ali há um segundo.
Lydia estava desaparecida.
CONTINUA...
Terminou mais um capítulo! Espero que estejam gostando kkkk desculpem a demora de novo, devo confessar que tive uns probleminhas maaaaas me livrei deles. Por favor não deixe de clicar em Seguir no Menu Lateral, e de comentar aqui embaixo! Quero conhecer vocês e saber o q estão achando da história!
XOXO
— GC
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